29/12/08

Olhou-o de frente, fitando-o insistentemente, profundamente.

Gordo, barrigudo, de uma perna só, fazia-se acompanhar de um pato que puxava desesperadamente duas bolas redondas e ocas.

Vacilou… não tinha bem a certeza se desejava confiar nele, afinal… que lhe poderia dar de valor?

Voltou-se intimidada em busca do outro que já conhecia, talvez não fosse grande coisa, talvez nem fosse bonito. Meio atabalhoado, meio enxofrado. Um bocado agressivo, tempestuoso e um bocadinho mentiroso, mas ainda assim… algo generoso, um pouco bondoso, embora um niquinho preguiçoso, meio coxo. Chamou-o, na voz mais alta que conseguia “espera, não te vás embora!” mas já estava a ir.

Restava-lhe o gordo, barrigudo de uma perna só, que se fazia acompanhar de duas ocas bolas, rebocadas por um fatigado pato.

“não sou melhor, nem pior; não sou bom e nem sou mau; definitivamente não serei igual, mas serei teu!”

Mirou-o desconfiada, melindrada, acanhada, desorientada… e de repente… avançou determinada “e porque não?!” afinal, o gordo barrigudo de uma perna só, estava mesmo ali e… o pato era o mesmo e podia entreter-se a encher as duas bolas. “bora lá!” e num ápice, por entre foguetes e jorros de líquido, entregou-se ao jovem gordo, barrigudo, de uma perna só, acompanhado de um pato meio tosco, puxando duas velhas bolas.

2009

Tenham um bom natal nos seus 365 dias


26/12/08

as coisas que uma pessoa fica a saber no pós natal...

Chegado finalmente o términos dos festejos natalícios, é o momento certo para fazer o balanço.

O puto do 1º andar, recebeu uma bicicleta toda XPTO e à conta disso já tem o nariz esfolado e o pai tem para pagar a reparação do carro do 3º andar.

O rapazinho do 2º andar, ou não gostou da prenda ou nem recebeu nada, já que às 2 da matina estava numa birra que se ouvia pelo país inteiro.

Algures pelo 4º andar, o pai natal deve ter deixado uma aparelhagem ou coisa similar, mas em compensação levou o aparelho auditivo do respectivo presenteado, a avaliar pelo volume em que a dita cuja toca.

No 5º andar o velho barbudo deveria ter deixado uma caixa de neurónios, mas como provavelmente estavam esgotados, optou por mais uma dose de idiotice que me abstenho de descrever porque este blogue censura palavras que não constem nos dicionários infantis.

Pelo 7º andar, cálculo que em todos os sapatinhos - que no caso deviam ser botas de tamanho 45 no mínimo – terão sido deixados enormes pacotes de preservativos ou viagras e eu só espero que o tecto do meu quarto seja de boa qualidade e continue a aguentar-se sem desmoronar.

Aqui pelo 6º andar, temos pensado seriamente qual é a parte da casa que vamos esticar de forma a conseguir encafuar esta tralha toda; mas como nestas alturas pensar não é o nosso forte, provavelmente vai ficar assim mesmo, pelo menos até amanhã ao meio dia, quando recuperarmos da próxima noitada. As gatas, por via das dúvidas, já começaram a economizar no espaço.



Entretanto, esta manhã à varanda, espreitando o contentor do lixo, ficamos a saber que por estes prédios o barrigudo também deixou: máquina de café, batedeira, copos e garrafas q.b., máquina de fazer pão, máquina de barbear, televisores LCD em quantidade considerável, produtos e roupa de variadíssimas marcas e… uma cama! Esta última, dado encontrar-se estatelada no meio do passeio, não entendemos se vinha em mau estado e portanto a mandaram pela varanda ou, simplesmente, não terá resistido aos…