28/02/09

persistência animalesca

Desde o inicio deste blogue, têm entrado na caixa de email alertas sobre bloqueio a comentários de anónimos. Alguns, inclusive, fazem o favor de dar explicações pormenorizadas de como os impedir e a respectiva descrição completa de vantagens, bem como instruções precisas de eliminação ou moderação de comentários.

Agradeço a todos a preocupação, mas essa função não foi activada por opção e não por desconhecimento. O mesmo acontece no que concerne à eliminação/moderação.

Efectivamente, existe neste espaço uma consciência plena que boa parte das vezes, um nick ou um anónimo podem corresponder exactamente ao mesmo. Por outro lado, entende-se aqui que a liberdade é uma coisa bonita de se conceder e saudável de se auferir, se alguns não sabem o que significa ou o que com ela fazer, não é responsabilidade nossa e podemos, quando muito, tentar ajudá-los a aprender.

A par da liberdade existe um outro conceito que convém também ser apreendido: o respeito. A partir do momento em que são permitidos comentários, esse é um espaço que deixa de ser exclusivamente nosso, pelo que o respeito nos obriga a mantê-los (obrigada Shark), sejam eles de que teor forem, até porque é da responsabilidade de cada um aquilo que escreve. Acrescente-se que, através disso, é interessante aferir o perfil dos animais, racionais ou não, que se encontram por trás de cada monitor.

Quanto ao facto de ser dada resposta, convém lembrar que este blogue foi criado por gente que tem uma vida própria muito para além da internet e que, por isso mesmo, nem sempre dispõe de tempo para responder a todos os comentários e sobretudo em tempo útil. Contudo, e uma vez mais recorrendo-se do conceito respeito, foi opção não discriminar comentadores relativamente a respostas num mesmo post. Conscientes no entanto, que o nível e conteúdo da mesma não seja análogo e, portanto, possa ser entendido especialmente pelos anónimos, que nesse caso não voltarão a visitar-nos ou reconsiderarão a sua atitude.

Embora existam os que de todo, não possuam aptidão suficiente para captar a mensagem e insistam, mas temos de aceitar que nem todos temos as mesmas capacidades. Há ainda a remota possibilidade de não se tratar de um animal racional, pois nunca encontrei nenhum manual de computador onde estivesse claramente expressa a proibição de ser utilizado por outra espécie animalesca da mais pura irracionalidade (entre outros atributos).

A porta manter-se-á sem trinco para poderem entrar (e sair!), compete a cada um ter em atenção o passo que dá, para não tropeçar no próprio pé.


25/02/09

sexo? paixão? amor? ... who cares?!...

Olhou-a, com o mesmo olhar fixo e penetrante com que fitara todas as mulheres que de alguma forma lhe atravessaram a vida. Poisando o copo puxou-a a si, com o mesmo fulgor dos seus vinte anos, o mesmo abraço decidido. Na boca que se lhe oferecia, afogou o sabor da bebida e ateou o desejo.

As mãos despiram-na da pele artificial e escorregaram-lhe pelo cetim por descobrir. Aveludado. Perfumado.

Deslumbrado na visão consentida, deixou-se resvalar, saboreando o odor da paixão desperta. Aqui e além, poisou os lábios num deliciar de ternura e volúpia, sugando o doce calor, até se aconchegar por entre coxas inebriantes, num túnel por desbravar. Húmido. Como húmido sentiu o mais íntimo de si mesmo, acariciado por vermelhos lábios sedentos.

A música de fundo deixou de se ouvir, trocada por sumidos sons, palavras sussurradas, frases entrecortadas. Nos movimentos inventados e reinventados aqueceram-se, abrasaram-se, como quem ateia lareira em noite de inverno e quando o sangue lhes fervia, o cérebro os abandonava, permitiram-se voar na explosão corporal, até se prostrarem exaustos nos alvos lençóis em que se tomaram.

Sem juras, sem distorcidas promessas, sem escusadas explicações, seguiram o rumo da vida que escolheram ou que, para cada um, estaria traçada. Sexo? Paixão? Amor? Who cares?! No ar… tão-somente, o perfume duma pele macia, a perpetuar a magia dum só momento.


24/02/09

aviões

imagem daqui



Detesto andar de avião. Não é pânico nem tão pouco medo. É não gostar, simplesmente.

Decididamente, não encontro prazer naquela coisa de duas asas, a circular lá nas alturas, sem uma única estação de serviço, sem uma oficina à vista. Nada! Prefiro barcos, pelo menos sei nadar.

Não acho piada ter de estar horas antes no aeroporto, para depois ficarmos à espera feitos idiotas e sermos obrigados a ouvir uma série de conversas que não nos dizem respeito, dos vizinhos sentados ao nosso lado. Mudarmos de cadeira e assistirmos à excelente boa educação do menino que resolve fazer uma birra e pontapear as pernas do pai num role de palavrões, enquanto a mãe profere “tem paciência, ele está nervoso”.

Finalmente, nas entranhas daquele pássaro gigante, permanecer horas sentada lado a lado com um reclamante que não pára de proferir que afinal ainda não foi desta que viu alguma coisa. Caso não tenhas reparado, teria todo o prazer em acompanhar-te de férias para uma ilha paradisíaca qualquer, mas fomos trabalhar!

A comida é tão excelente que mal me atingiu o olfacto canino, me embrulhou o estômago e tive de sacar as salvadoras pastilhas, que sempre me acompanham para aliviar as dores de ouvidos (e sim, é com a boca que as mastigo).

Chegar a casa com uma valente dor de cabeça, mais outra de costas, os ouvidos a zumbir, uma fome esganada e o sono próprio de quem não dormiu três dias.

Resta-me a satisfação de hoje ser outro dia, o Carnaval estar a terminar, o Sol radioso convidar a um passeio à beira mar e, melhor que tudo, não ter de trabalhar, andar de avião ou ouvir-te resmungar!




está prometido: da próxima ficamos mais um dia e visitas a cidade