27/07/09

313.09N

Deu-lhe imagens de ternura, qual Colombina e Arlequim. De desejo, de carinho, da paixão que sufocou.

Nessa noite choveram sorrisos. Sorrisos de riso em olhos de água. Na sede que não saciou.

Deu-lhe imagens ocas, vazias, sem dó, que devorou, consumiu, arrecadou.

Nessa noite trovejaram raios. Iluminaram-se os céus de relâmpagos estridentes. Enlutou.

De olhos cerrados sonhou. Voou como pássaro liberto em céu aberto. Vagueou.

Sem futuro, sem além, sem o dia após a noite. Guardou. Fechou a cadeado. Calou. Silenciou.

Acorda Colombina nos braços de Pierrot roubado a Arlequim.

É sonho?

Não!

É onda errante em mar submerso do azul estrelado, num castelo inacabado na areia de mim.

E de ti…


“I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in pain
I dream of love as time runs through my hand

I dream of fire
Those dreams are tied to a horse that will never tire
And in the flames
Her shadows play in the shape of a man's desire”



24/07/09

quando não importa que sejam parvas, porque já nada importa...

...

O doutor disse que contas uma história?

Claro. Queres das parvas ou das outras?

:) das parvas

(sempre gostei de o ver sorrir…)

Ajuda-me a começar. Esqueci-me como é

Era uma vez…

Isso! Era uma vez, porque todas as histórias começam por era uma vez. Era uma vez um hipopótamo, gordo, grande, barrigudo, com enormes bochechas

Os hipopótamos têm bochechas?

Este tem. A história é minha, sou eu quem decide :) O hipopótamo andava a passear no mar

No mar?

Sim. É um hipopótamo nadador como aqueles nadadores salvadores da praia.

Ahhhh

De repente viu uma joaninha vermelha às bolinhas azuis…

Pretas, são pretas!

As desta joaninha são azuis!

E depois?

Depois perguntou-lhe o que andava ela a fazer. “à procura do meu amigo canguru”. “mas os cangurus não andam no mar” respondeu-lhe o hipopótamo. “os hipopótamos também não, nem as joaninhas! Se tu podes estar nesta história, porque é que o meu amigo canguru não pode estar?!”

Pois é :)

(sempre adorei vê-lo rir…)

Então foram os dois à procura do canguru e lá estava ele montado a cavalo numa nuvem. Como não sabia voar, o hipopótamo teve de ir agarrado à joaninha. Mas de repente começou a chover, a nuvem desfez-se e caíram os três no prato da sopa que serviram a um miúdo. Adivinha quem era?

Euuuuuu!!!!!

Claro! Viste-os??

Já comi a sopa toda.

O quê??? Tu comeste o hipopótamo, a joaninha e o canguru???

Ahahahahah

(sempre gostei das tuas gargalhadas…)

Se eu adormecer, depois acordo?

Não sei… mas fico aqui à espera…

Para contares mais histórias parvas?

As que quiseres…

...

não acordaste... :(
5:52, 24 julho 09

...



"as árvores morrem de pé ...
algumas pessoas também..."


20/07/09

e dar uma vista de olhos aqui?

16/07/09

porque um dia, quem sabe, também vamos ser assim

Há colegas e colegas. Também há colegas sui generis que, como não é fácil irritarem-me, me deixam atónita, entre a vontade de rir e a ausência de resposta.


Entro na sala onde o colega martela sistematicamente na tecla enter.

“??? Que se passa?”

“deixaram outra vez o monitor ligado”

“mas… a tecla enter não o desliga!”

“eu sei! Mas alivia-me!”

…….

Ups

…..

“Colega, desculpe mas… já reparou que traz um sapato de cada cor?”

Olhando demorada e fixamente para os pés:

“Ah! Deve ser por causa das meias!”

…..

Ups

…..

“Já que quer ajudar, importa-se de ir colando estas etiquetas?”

O dito colega lambe (vou repetir: lambe. Mais uma vez: LAMBE!) o stick da cola, passa na etiqueta e tenta fixá-la

“Isto não cola!”

“Falta-lhe manteiga” responde o outro colega, reprimindo o riso estupefacto, como eu.

“Manteiga?”

…..

Ups

…..


Por favor, quando eu começar a fazer coisas destas façam uma petição para me darem a reforma.


É prática mais ou menos comum ao ser humano sobrevalorizar tudo que é mau, reclamar fervorosamente e encher-se de uma camada de irritação por vezes evitável.

É prática mais ou menos comum ao ser humano, não reparar na parte boa, reconhecer e valorizar.



E inverter

Portanto


Apesar destas recordações que nos deixas, a ti que acabas de receber a tua justa reforma, desejo que a gozes tão bem como a mereces, porque afinal durante anos foste um bom professor e um dos melhores profissionais de estatística com quem tive o prazer de trabalhar.