24/10/09

per te... e per me...

Vês a lua lá longe? Intocável.

Não quero ser uma lua intocável…

Vês os monstrinhos nas árvores? Pirilampos. Cisne do rio.

Como parte de mim. De ti? Não quero agarrá-los, apenas admirá-los…

Vês as pedras do castelo? Umas sobre as outras.

Num equilíbrio permanente. Premente. Não quero derrubá-las…

Vês as estrelas cintilantes no céu escuro? Vês o relâmpago na noite calma? Vês o vermelho do Sol que se esconde?

Vês-me?...

Observo-te enquanto dormes. Olho-te acordado. Examino-te os contornos. Oiço-te as palavras. Penetro-te o olhar em busca de certezas. Nada é certo. Assustam-me as faíscas. Temidas…

Espio-te os sentidos. Sentimentos. Espreito-te. Observo-te. Reconheço-te. Conheço-me. Admiro-te as mãos…

Percorrem-me o corpo como exploradores em mares desconhecidos. Tornam mágicos os momentos. Em movimentos. Adoçam o olhar, aquecem a pele, abrasam-me como brasa de lareira. Penetram-me como flechas de cupidos. Sentidos…

Não são mãos de deus. Não são mãos de dono. Não são mãos inquebráveis. Razoáveis. De razão. A tua e a minha. Razoáveis. Como tu e eu…

Vês a lua lá longe? Intocável. Só quero vê-la…

Vês os monstrinhos e o cisne. Mais ninguém vê. Só quero que vejas… só quero vê-lo…

Vês o castelo a balançar? Não ruiu, não quebrou, não desmoronou. Só quero abrigar-me. Segurar-me…

Vês? Vês-me? Só quero que nos vejas…

Quero. Quero-te. Mas mais que tudo quero-me…



contigo...


3 comentários:

PreDatado disse...

Não sei se no final consigo ler um apelo, mas consigo não tocar a lua nem subir as árvores para acompanhar os monstrinhos.

Paulo disse...

Já não era sem tempo.

Que sejas bem regressada miúda :-)

Beijo

Manuel Veiga disse...

nem tudo o que balança cai...
impressivo texto. gostei...

beijo