18/09/09

"Pedaços de nós"

Há momentos que nos marcam para sempre, como há pessoas que ao cruzarem o nosso caminho o tornam irremediavelmente diferente, mas também há espaços que nos colam como lapas. Que mesmo que quiséssemos não seriamos capazes de abandonar ou esquecer. Não? Esquecer… Recordar… Perpetuar … as voltas que uma memória dá… pedaço a pedaço... como pedaços de nós.

PARABÉNS Å®t

obrigada...


12/09/09

11:00am há dois mil anos ou quase...

Como se tornara hábito nos últimos meses, lá estava ele comodamente instalado no seu ninho inundado de líquido e ternura.

Cruzou as pernas, espreguiçou-se tocando com a ponta dos dedos a parede da cavidade que o envolvia. A casa já dificilmente suportava o seu tamanho. Nem se apercebera como crescera desde que minúsculo ali se alojara.

Olhou em redor, ninguém. Mais uma vez não havia ninguém. Já começava a fartar-se daquele mundo solitário onde nem uma alminha lhe dizia bom dia, nem um parceiro para jogar uma cartada, nem um amigo para o acompanhar numa bebida gelada nos dias quentes. E bebida não faltava por ali. Tudo era fluido excepto aquele cordão, espesso, comprido, que o ligava sabe-se lá onde, mas que lhe era vital.

Hoje curiosamente o cordão incomodava-o. As paredes pareciam comprimir-se, apertavam-no como se o sufocassem. As águas agitavam-se como marés vivas em oceano tempestuoso E o pequeno-almoço não havia meio de chegar…

Vasculhou em redor. Nada. Procurou mais acima. Nada. Deitou-se mas continuava desconfortável e a fome apertava-lhe o estômago. Chuchou no dedo polegar, o mais gordinho da mão esquerda. Esticou os pés até sentir a resistência sólida da parede. A ondulação fê-lo balançar sem ponto de apoio seguro. Rebolou numa cambalhota desequilibrada e viu o seu ninho de pernas para o ar.

Repentinamente, a água escoou como se alguém tivesse aberto um ralo ou furado um balão. Mais rápido. Cada vez mais rápido. Alguém estava a roubar-lhe o seu mar. Alguém invadia o seu habitat. Quem se atrevia? Que queriam dali? Escorregou levemente e descobriu a pequena frecha. Espreitou. As paredes comprimiram-se fortemente como que a expulsá-lo da sua própria toca. O seu mundo tornou-se pequeno, ínfimo, insuportável. E a luz intensa que o fitava através da ruptura pareceu atraí-lo, puxá-lo, sugá-lo.

Expulsou-o. 11:00am ouviu-se algures do além num som rouco, desconhecido, aterrorizante.

Atordoado. Perturbado. Desnorteado. Assustado. Confuso.

Desalojado. Esfomeado. Agredido. Abriu a boca e deu liberdade aos pulmões para o mais sonoro protesto que alguma vez patenteou.

AAAHHH finalmente um pequeno-almoço! Diferente do habitual. Uma outra consistência. Um novo paladar. Num recipiente macio que lhe inundava a boca. Acalmou. Deliciou-se. E quando os dedos suaves lhe acariciaram ternamente a face, esboçou um projecto de sorriso, cerrou os olhos e permitiu-se adormecer. Aconchegado no seio que o alimentava, envolvido no olhar que o tranquilizava e nos lábios que carinhosamente pronunciavam filho (um dia muitos anos luz transcorridos, haveria de alcançar o significado...).

Talvez não seja assim tão mau este novo mundinho... - sonhou.


FELIZ ANIVERSÁRIO, TERZO

12 de Setembro de 2009


05/09/09

that's why

“Um dia…

Há muitos e muitos anos luz, quando ainda não existia terra e nem mar, ela ziguezagueava por entre destroços de nada e tudo.

O céu escurecera como breu, quebrara-se em pedaços cadentes.

Atemorizada tentou esconder-se por trás de coisa nenhuma, por baixo de si mesma.

Sabia, sentia, adivinhava, que iria morrer espalmada, sob aquele outrora azul.

Não gritou, não esbracejou, nem chorou, só tremeu.

Outro dia…

Há muitos e muitos anos luz, quando ainda não existia paraíso e nem inferno, num tempo de ninguém, ele sorridentemente se arvorava em anjo de diabo, ou diabo de anjo.

Sem rosto, sem voz, sem nome.

Serenamente viajava pelo espaço transparente”



E mais um dia…

Eram assim um do outro há dois mil anos ou quase, saboreando o tesouro da eternidade do auge.

No sufoco do tempo que os separa, na ânsia do abraço que trocam, na sofreguidão com que se beijam, no carinho com que se exploram.

Nas palavras que calam, nas outras que proferem, nos erros que cometem e nos momentos inolvidáveis, eternos como eles, tão ternos como eles…

Com rosto, com voz, com nome.

Viajam serenamente na agitação que os assola, os derrete, os queima e os une…

como nós apertados em pulseiras, há dois mil anos ou quase…



that’s why I’m gonna spend my life with you



03/09/09

há momentos...

... que suplicamos à vida não nos roube à memória…

Outros há que imploramos nos deixe esquecer…

Mas uns e outros são, no fundo, a nossa vida,

A nossa razão de ser…

Somos nós…

Nós…

Como nós de pulseiras…


...


como putos

Mas afinal… Porquê?

Boa pergunta...

É mais bonito que os outros?

Talvez só nos meus olhos...

É mais sábio?

Não tenho a certeza...

É mais inteligente?

Não lhe medi o QI.

É mais charmoso?

Talvez sim, talvez não...

Mas então o que tem de tão especial?

Nada! Tudo! Sei lá!

Mas então… porquê?

:) olha, sabes aquela resposta que os putos dão quando são pequenos: porque sim! (ou porque não!) E tu perguntas: mas porquê? E eles repetem: porque sim! (ou porque não!) Eles não conseguem explicar mas eles sabem, não encontram razão, não sabem as palavras mas eles têm a certeza que sim (ou que não)!

Há sentimentos que são assim como as respostas dos putos: porque sim!! (ou porque não!!)



e ama-se porque sim!
(ou porque não?!)