Vês a lua lá longe? Intocável.
Não quero ser uma lua intocável…
Vês os monstrinhos nas árvores? Pirilampos. Cisne do rio.
Como parte de mim. De ti? Não quero agarrá-los, apenas admirá-los…
Vês as pedras do castelo? Umas sobre as outras.
Num equilíbrio permanente. Premente. Não quero derrubá-las…
Vês as estrelas cintilantes no céu escuro? Vês o relâmpago na noite calma? Vês o vermelho do Sol que se esconde?
Vês-me?...
Observo-te enquanto dormes. Olho-te acordado. Examino-te os contornos. Oiço-te as palavras. Penetro-te o olhar em busca de certezas. Nada é certo. Assustam-me as faíscas. Temidas…
Espio-te os sentidos. Sentimentos. Espreito-te. Observo-te. Reconheço-te. Conheço-me. Admiro-te as mãos…
Percorrem-me o corpo como exploradores em mares desconhecidos. Tornam mágicos os momentos. Em movimentos. Adoçam o olhar, aquecem a pele, abrasam-me como brasa de lareira. Penetram-me como flechas de cupidos. Sentidos…
Não são mãos de deus. Não são mãos de dono. Não são mãos inquebráveis. Razoáveis. De razão. A tua e a minha. Razoáveis. Como tu e eu…
Vês a lua lá longe? Intocável. Só quero vê-la…
Vês os monstrinhos e o cisne. Mais ninguém vê. Só quero que vejas… só quero vê-lo…
Vês o castelo a balançar? Não ruiu, não quebrou, não desmoronou. Só quero abrigar-me. Segurar-me…
Vês? Vês-me? Só quero que nos vejas…
Quero. Quero-te. Mas mais que tudo quero-me…
3 comentários:
Não sei se no final consigo ler um apelo, mas consigo não tocar a lua nem subir as árvores para acompanhar os monstrinhos.
Já não era sem tempo.
Que sejas bem regressada miúda :-)
Beijo
nem tudo o que balança cai...
impressivo texto. gostei...
beijo
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