Dos castelos colhe as pedras polidas pelo tempo, dos sonhos exclui os pesadelos gastos na almofada, na memória arruma as lembranças em baús com bolas de naftalina para que as traças não as corroam. Na praça pública silencia as palavras ocultas por espessos véus e (a re) volta ao abrigo que avalia como refúgio de tempestades. Calmante. Tranquilizante. Ou…
Contornos ocultos de verdades debilmente veladas, feitas de obscuras realidades (des?) mentidas, em amálgamas de afirmações, em rebuscadas frases estudadas, repetidas, gastas, entroncadas em raízes mal cuidadas. Desfloradas, ou…
Indagada a alma retorcida, escondida no corpo contorcido. Violado. Violada. Perde-se. Reencontra-se. Aconchega-se à força de(vol)vida. Esfuma-se no maço consumido. Ou…
Regressa à galáxia perfeita da imaginação sobrevoando a felicidade sem lhe tocar. Quebra-se o feitiço como quem quebra uma garrafa (isso não). Enchem-se os pulmões de gases tóxicos a colorir o preto e branco da nuvem em que se senta sem reflectir que o amor não é para ser palrado, mas acarinhado. E a criança mimada esvoaça como pássaro engaiolado nas próprias asas desfeitas, numa liberdade fictícia, ilusória, desperdiçada, ou…
Regressa a serei ao oceano onde as pérolas que lhe brotam dos olhos se desfazem nas gotas da maré. Reconhece as escamas perdidas, as barbatanas feridas. Os nós apertados da corda que lhe sufocou as guelras numa terra onde o líquido é opaco, viscoso, infectado. Nas profundezas da água límpida lava o corpo como quem desinfecta a alma e deita-se na concha que se fecha como encerrada foi a magia, ou…
Afogam nas areias movediças da praia, a saudade. E perdem(-se) no interior da sua própria voz. Ânsia abafada. Num tempo que se esgueira da palma da mão. Ou...
Perdura a ilusão. A confusão. Atroz paixão. Quiça quimera. Mórbida esperança. Fantasia. Utopia. Ou…
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