Fechou a janela para que o vento não entrasse. Ou o tempo não saísse…
Sentou-se no cadeirão. Aquele. O tal. Recostou-se de cabeça reclinada, o cérebro ausentou-se.
Passou tanto tempo… aprendeu ao longo dos séculos a esconder sentimentos. Camuflá-los. Abrigá-los de tempestades. Demorou. Penou. Mas aprendeu. No sufoco da lágrima que não escorreu. No silêncio da palavra que não proferiu. Na ausência do acto que não aconteceu. Agora… o grisalho da barba cobre-lhe a face e a nuca. As mãos enrugadas agarram o copo. Vazio. Agora… será tarde demais para reaprender. Habituou-se. Habitou-se naquele espaço só seu, onde monstros estranhos se baloiçam em amena dança singular, que só ele vê.
Agora… o tempo passou. Marcou… o tempo. Sempre o maldito tempo…
E ele daria a vida por um momento…
Lá fora, o vento…
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15 comentários:
por vezes habituamo-nos demais á nossa solidão companheira!
...amei!
beijos
É normal quando o cérebro se ausenta começar-se a ver monstros...
o vento que tudo leva. até o tempo que resta...
gostei. deveras!
beijos
O tempo... O momento é um instante no instante do momento. "Agora… será tarde demais para reaprender", agora... nunca é tarde para reaprender... A sorrir, a brincar, a amar a simples folha seca de uma arvore...
"Agora… o tempo passou. Marcou… o tempo", Agora... o tempo que passou faz recordar, sorrir, chorar... muitas vezes de alegria.
... E cada momento é um momento.
Beijinho
O Tempo, esse sacana.
Nem para recuperar o fôlego, pára.
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Acho que estás a ser vítima de uma um ataque tipo oriental! Schiiiiiiiiii...
Beijoca
Ena, quadradinhos azuis...
Barba na nuca? Fusga-se...
Jocas miúda
\m/
juras mesmo que foi no tal cadeirão?
aquele?
Muito poético!
Curiosamente também verdadeiro: muitos idosos, a partir de certa altura, concentram-se única e exclusivamente em redor do seu umbigo...
Abraço!
Fusga-se, esquece lá a beijoca. Não vi que tinhas sido tu pá. Eu bem que estranhei ter percebido à 1ª...
Abraço pá
\m/
Apesar do calor vou fechar a minha janela para o tempo não sair. vou amordaçá-lo (ao tempo!), que bem preciso que ele páre um pouco...
Abraços!!!
que trio! quem escreve e se dá a ler assim...
(e se ele desse um momento pela vida?)
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