27/07/09

313.09N

Deu-lhe imagens de ternura, qual Colombina e Arlequim. De desejo, de carinho, da paixão que sufocou.

Nessa noite choveram sorrisos. Sorrisos de riso em olhos de água. Na sede que não saciou.

Deu-lhe imagens ocas, vazias, sem dó, que devorou, consumiu, arrecadou.

Nessa noite trovejaram raios. Iluminaram-se os céus de relâmpagos estridentes. Enlutou.

De olhos cerrados sonhou. Voou como pássaro liberto em céu aberto. Vagueou.

Sem futuro, sem além, sem o dia após a noite. Guardou. Fechou a cadeado. Calou. Silenciou.

Acorda Colombina nos braços de Pierrot roubado a Arlequim.

É sonho?

Não!

É onda errante em mar submerso do azul estrelado, num castelo inacabado na areia de mim.

E de ti…


“I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in pain
I dream of love as time runs through my hand

I dream of fire
Those dreams are tied to a horse that will never tire
And in the flames
Her shadows play in the shape of a man's desire”



2 comentários:

Maria disse...

Estava a pensar em ti, há cinco minutos atrás. Ao fundo da sala. Vim aqui nem eu sei porquê. Ou talvez porque estava a pensar em ti.
E encontrei palavras novas para ler... feitas de areia, de ti...

Beijooooo

Anónimo disse...

Envolvente. Terno. Quando se SENTE é assim... aqui está expressa uma vida. Feita de amor e de mágoa. De encontro e desencontro. De reencontro. Só quem SENTE pode contar que viveu uma vida num mês. Num dia. Num ano. Contrariando o tempo. Eu posso. E quem sou eu?.

Eu, sou apenas eu. O que é pouco e pequeno. Afirmam que já fiz um filho. Negarei até á morte ter feito mais. Afirmam que plantei uma árvore. Tretas... a ultima vez que lá passei não vi nada. Garanto que é falta de raizes! Afirmam que escrevo. Também não. Assino o meu nome. Nuno. E porque alguém me chamou Nuno. Se chamassem Parvo eu respondia. Hoje em dia, até respondo mais por parvo... Tudo isto para dizer que tenho a vida completa. Só me falta viver...

Obrigado por me fazeres encarar essa lacuna com um sorriso. *