Pai Natal, (nunca percebi porque é que o natal tem um pai e, ainda por cima, um daqueles que só se lembra que é pai uma vez por ano, até parece o pai de uma boa parte dos putos portugueses)

Pintura de AA

Esta é mais uma daquelas estúpidas cartas que te escrevem às centenas nesta época e que não serve rigorosamente para nada.

Não vou afirmar que fui boazinha porque a verdade é que, tal como toda a gente, passei os últimos onze meses do ano a borrifar-me nisso. Mas, exactamente como os outros 10 milhões de portugueses, prometo que durante este mês vou lembrar-me de palavras como solidariedade, fraternidade, humanidade e outras coisas assim e orientar a minha existência em prol de palavras sublimes como consumismo, hipocrisia ou, em último caso, corrupção.

Mas vamos ao que interessa. Esta carta não é para te pedir prendas, até porque tu tens o condão de nunca dar o que te pedimos. A prova disso é que ainda o ano passado pedi para me baixares a prestação da casa e os impostos ou subires o ordenado. Tu ofereceste-me precisamente o inverso!

Bem, só quero avisar-te que nem penses em dar-me outro aspirador, ferro de engomar ou batedeira, porque eu não pedi a ninguém para nascer mulher e muito menos sopeira!

Já agora, não desças pela chaminé que não limpo a lareira desde o ano transacto. Não me toques à campainha altas horas da noite, que para barulho já basta o maluco do vizinho. Deixava-te a janela aberta mas está um frio do caraças.

E porque é natal e também gosto de ofertar, pensei enviar-te uma noiva, mas estaria a dar prendas tão úteis quanto as tuas e ainda teria de gastar mais uns trocos em viagras, portanto, segue em anexo a morada do cabeleireiro dos jogadores das 3 grandes equipas, acho que faz descontos a quem lhe permitir dar largas à imaginação.