Olhou-o de frente, fitando-o insistentemente, profundamente.
Gordo, barrigudo, de uma perna só, fazia-se acompanhar de um pato que puxava desesperadamente duas bolas redondas e ocas.
Vacilou… não tinha bem a certeza se desejava confiar nele, afinal… que lhe poderia dar de valor?
Voltou-se intimidada em busca do outro que já conhecia, talvez não fosse grande coisa, talvez nem fosse bonito. Meio atabalhoado, meio enxofrado. Um bocado agressivo, tempestuoso e um bocadinho mentiroso, mas ainda assim… algo generoso, um pouco bondoso, embora um niquinho preguiçoso, meio coxo. Chamou-o, na voz mais alta que conseguia “espera, não te vás embora!” mas já estava a ir.
Restava-lhe o gordo, barrigudo de uma perna só, que se fazia acompanhar de duas ocas bolas, rebocadas por um fatigado pato.
“não sou melhor, nem pior; não sou bom e nem sou mau; definitivamente não serei igual, mas serei teu!”
Mirou-o desconfiada, melindrada, acanhada, desorientada… e de repente… avançou determinada “e porque não?!” afinal, o gordo barrigudo de uma perna só, estava mesmo ali e… o pato era o mesmo e podia entreter-se a encher as duas bolas. “bora lá!” e num ápice, por entre foguetes e jorros de líquido, entregou-se ao jovem gordo, barrigudo, de uma perna só, acompanhado de um pato meio tosco, puxando duas velhas bolas.
2009
Tenham um bom natal nos seus 365 dias